segunda-feira, 6 de abril de 2009

Internautas baixam "Wolverine", mas dizem que vão ao cinema



Na quarta-feira passada, enquanto o FBI começava a investigar o vazamento de uma cópia de "X-Men Origens: Wolverine" na internet, a pedido do estúdio Fox, o filme já era baixado por milhares de pessoas mundo afora. Inclusive no Brasil, é claro.

No dia seguinte, as legendas em português já estavam disponíveis. E, na sexta, o filme, que custou dezenas de milhões de dólares, já era encontrado na rua 25 de Março, famosa pela venda de produtos piratas na capital paulista, por R$ 5.

O Folhateen conversou com fãs do personagem para saber o que eles acharam do vazamento. Alguns fizeram o download do filme, mas não o assistiram. Estranho? "Baixei por curiosidade. Mas vou excluir, porque é isso que faz os filmes perderem bilheteria", disse R. B., 21.

Outros apontaram motivos menos ideológicos para baixar e não assistir à cópia pirata. "Só olhei por cima e apaguei, porque não vale a pena ver um filme desse sem estar finalizado", diz D. E., 22, de Fortaleza, lembrando que a maioria dos efeitos especiais não estão prontos na versão que vazou.

E ainda tem o grupo dos que baixaram e assistiram até o final, é claro. "Assisti ao filme. É empolgante e cheio de surpresas do começo ao fim. Só aguardo, agora, para ver finalizado na telona", diz D.R., 23.

Pois é, até quem assistiu diz que vai ver de novo no cinema. Para o jornalista inglês Matt Mason, autor do livro "The Pirate's Dilema" (o dilema do pirata, sem edição no Brasil), o motivo é simples. "Os piratas não podem competir com a experiência de ver um filme na sala escura", diz.

Mason acha que a pirataria não deve atrapalhar o filme de Wolverine. Ao contrário. "Pode ser até que ela melhore a bilheteria." Ele lembra que, no ano passado, "Batman - O Cavaleiro das Trevas" foi pirateado uma semana antes do lançamento e, ainda assim, faturou mais de um bilhão de dólares - maior bilheteria de 2008.

Pirataria marqueteira

A experiência deve ser uma boa amostra do efeito da pirataria para a indústria cinematográfica mundial. No Brasil, isso já aconteceu com "Tropa de Elite", de José Padilha, em 2007. Apesar de uma cópia ter chegado aos camelôs três meses antes do lançamento previsto --que acabou antecipado em um mês--, o longa tornou-se o filme brasileiro de maior bilheteria naquele ano.

Na época, Padilha declarou que, se não fosse a pirataria, o resultado teria sido melhor ainda. Mas é impossível saber se isso é verdade, já que o boca a boca gerado pela versão pirata acabou se tornando uma poderosa propaganda do filme.

Para Mason, a pirataria ajuda a divulgar os filmes sem ameaçar as bilheterias, porque o público reconhece a experiência diferenciada que é ir ao cinema.

"Hollywood sabe disso e está experimentando outras coisas que os piratas não podem replicar, como as salas Imax e 3D. O truque é criar experiências melhores. Fizeram isso quando surgiu a TV, depois quando surgiu o vídeo. Os piratas não vão matar a indústria, apenas torná-la mais forte", diz.

Logo, Wolverine pode relaxar e guardar suas garras para outra briga, porque os piratas não vão incomodar.

Fonte: Folha Online

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